Aplicação da Prova São Paulo

Hoje finalizamos a aplicação da prova São Paulo. Foi minha primeira experiência neste tipo de avaliação sobre a rede municipal de Ensino da Cidade e observei algumas peculiaridades que podem causar distorções no resultado final obtido.

GIPHY - Prova animada

FALTA DE CULTURA DE PROVA: Os alunos não se comportam adequadamente no momento da avaliação. É surreal. Hoje no grupo de Whatsapp uma professora pediu ajuda porque havia um aluno dependurado na porta da sala de aula, durante a prova. Conversas, assovios, alunos em pé são comuns durante a aplicação.

FALTA AUTONOMIA: Os alunos demoram muito para iniciar a prova, insistem que as questões sejam explicadas individualmente, do mesmo modo como nas aulas. Nas aulas também, a explicação geral não basta, não prestam atenção e solicitam atendimento individual.

FALTA DE ENGAJAMENTO NA PROVA: Uma grande quantidade de alunos sequer lê a prova. O percentual de alunos sem engajamento aumenta de acordo com a idade. Apliquei para 7ºs e 8ºs anos e o engajamento dos alunos mais velho foi muito menor. Na escola os outros professores relataram que o engajemento é ainda menor nos 9ºs anos. Não há uma correlação absoluta entre engajamento/defasagem, notei alunos proficientes sem engajamento e alunos com defasagem engajados, mas a balança pende para os alunos com defasagem demonstrarem menos interesse para a prova.

Avaliação de Matemática – Projeto do 3º Bimestre

Meus alunos de 7ºs e 8ºs anos passaram pela experiência de um projeto que durou todo o bimestre e agora chegou o final, os ânimos se exaltam devido ao momento da avaliação, em que é atribuída uma nota pelo trabalho, porque ela é individual, pela participação de cada integrante em seu grupo.

A classe foi dividida em grupos escolhidos pelo corpo docente e que deveria se reproduzir em todas as disciplinas. O projeto foi realizado em duas etapas e cada uma recebeu uma nota. O objetivo principal deste bimestre era medir a sala de aula e realizar um desenho em escala em papel A4 a fim de avaliar, no bimestre seguinte a área de tinta para a pintura da sala e calcular os custos de tal empreendimento.

A primeira etapa consistia em desenhar um croqui de cada parede da classe levando em consideração a sua área pintada e utilizar trenas para medir cada dimensão estipulada pelo professor.

Na segunda etapa iniciamos com a discussão sobre qual escala seria a mais adequada para representar as paredes da sala em uma folha tamanho A4 e chegamos à conclusão de que uma escala 1:30 seria adequada. Em seguida eles deveriam aplicar a escala, dividindo os valores medidos e realizar os desenhos, utilizando régua e esquadro, com todas as medidas calculadas.

O trabalho desenvolveu a colaboração entre os integrantes do grupo, sobretudo no período de coleta de dados, medidos e anotados no croqui. Também proporcionou o reforço no ensino sobre o sistema métrico e a operação aritmética de divisão, em que a maioria dos alunos apresenta déficit de aprendizagem. Por fim, utilizaram régua e esquadro para reproduzir visualmente cada uma das paredes da sala na escala 1:30.

AVALIAÇÃO

Todos os grupos alcançaram um resultado, ao menos, satisfatório, havendo ótimos trabalhos em todas as classes, mas também vale pontuar as dificuldades didáticas de uma ação desta natureza em escola pública localizada na periferia de uma grande cidade.

No princípio da aplicação do trabalho, os alunos se mostraram empolgados e ficar em pé, medindo e sistematizando as dimensões da sala em um croqui, mas conforme observaram que o trabalho era longo, muitos se desmotivaram e isto criou diversos atritos em diversos grupos.

PONTOS POSITIVOS

TAREFA INVESTIGATIVA.

Os alunos vivenciam um processo longo de resolução de problemas no qual devem explorar o passo a passo de cada tarefa, formulando hipóteses, testando-as e validando, conforme avançam na sistematização das informações coletadas.

DIVERSIDADE DE MATRIZ DE SABERES.

Ao longo da tarefa os alunos tiveram que resolver uma cadeia de tarefas que proporcionou o desenvolvimento de: 1- Pensamento Científico, Crítico e Criativo, 2- Empatia e Colaboração, 3- Resolução de Problemas, 4- Responsabilidade e Participação, 5- Empatia e Colaboração, 6- Autonomia e Determinação, 7- Comunicação e Abertura à Comunidade, 8- Autoconhecimento e Autocuidade.

DIFERENTES OBJETIVOS SIMULTANEAMENTE.

NÚMEROS (1- Múltiplos, divisores e divisibilidade, 2- Princípio multiplicativo, 3- Procedimentos de Cálculos).

ÁLGEBRA (1- Proporcionalidade direta e inversa, 2- Equação do primeiro grau).

GEOMETRIA (1- Soma dos ângulos internos de quadrilátero, 2- Retas paralelas e Retas perpendiculares).

PROBABILIDADE (1 – Gráficos e Tabelas).

GRANDEZAS E MEDIDAS (1- Ampliação e redução, 2- Área de Superfície, 3- Escala, 4- Sistema Métrico e Decimal).

PontoNegativo PONTOS NEGATIVOS

PERDA DE EQUIPAMENTOS: Foram quebradas seis trenas de rolo metálico e duas trenas a laser. Quatro esquadros de plástico e a maioria das réguas metálicas tiveram suas marcas apagadas.

RISCO AOS ALUNOS: Durante o esforço de medir as paredes da sala, os alunos estavam divididos em 7 grupos, o que causou confusão e, somada à falta de experiência em lidar com trena metálica, houve alunos que se cortaram superficialmente, foram poucos, mas o fato se repetiu em todas as salas.

CONTROLE DISCIPLINAR: Foi muito difícil atender os grupos individualmente, porque, enquanto o atendimento é realizado, muitos alunos saem de seus lugares, atrapalham outros grupos, se batem ou atiram objetos uns nos outros. Também há os casos de uso indevido do celular que é potencializado por estes momentos. Entretanto atender grupos individualmente é parte essencial do trabalho.

GRUPOS ASSIMÉTRICOS: A configuração dos integrantes dos grupos teve diversas alterações ao longo do bimestre, o que interferiu de modo distinto em cada agrupamento, alguns de modo positivo, outros de modo negativo.

São Paulo, eleições 2024

Nesta eleição de 2024, para prefeito de São Paulo, se escancara o deboche.

Entre os candidatos, que colocam apelidos uns nos outros a fim de abastecer suas redes sociais, não há esforço mínimo em manter o decoro de se apresentar, durante os debates organizados pelos meios de comunicação, como se comportariam se assumissem o poder executivo na maior cidade do Brasil.

É curioso que os eleitores do candidato que melhor domina a arte da ofensa e da refutação ad hominem não se importa com o comportamento mal educado que ele apresenta quando confrontado com seus pares, com sua falta de experiência em gestão e por estar filiado a um partido fadado a se extinguir, pela lógica da cláusula de barreira a partidos que não conseguem eleger uma representatividade mínima no congresso nacional.

Nada importa. Um candidato sem equipe, sem proposta e que apenas transmite um comportamento violento e de confronto destrutivo com outras pessoas, o contrário do que deve ser um prefeito que, espera-se, consiga agregar em torno de seus projetos de governo. Sobre o antigo presidente, durante sua eleição, eu dizia que não era possível um meme permanecer engraçado por quatro anos. E, de fato, perdeu a graça. O que será que faz com que massas de eleitores escolham, por livre e espontânea vontade, um candidato evidentemente desqualificado para o cargo?

Quem sabe a psicologia, a filosofia ou a sociologia seriam capazes de uma reflexão minimamente coerente. Talvez a psicologia explique o fascínio das multidões pelos psicopatas e perversos, a filosofia traga à tona o debate sobre a Natureza Humana, também o embate entre Sócrates e os Sofistas. A sociologia sobre o processo de individuação do sujeito contemporâneo que o isola e, com isto, fragmenta a sociedade. Só sei que eu não sei explicar isto ai.

Só sei que nada sei.

Em tempos de polarização política tão intensa mundo afora, o que realmente parece que ocorre é que há uma massa muito grande de pessoas que não estão nem aí para o debate público, apesar de defenderem tão arduamente esta ou aquela ideia.

Aula sobre a poesia de Oswald

Na aula sobre a poesia do Oswald, “Erro de Português“, em que compareceram alunos de diferentes salas, não consegui apresentar o depoimento do Aílton Krenak no Papo de Segunda, apenas mencionei-o como parte do meu planejamento, que não pôde ser realizado devido à falta de tempo.

Com duração de 45 minutos foi realizada a leitura em voz alta do poema diversas vezes, porque o computador não estava se conectando bem com o projetor e, em roda, questionei sobre a interpretação do tema do poema (vestir/despir). Os alunos se sentiram constrangidos porque associaram a conversa ao aspecto da nudez, por isso me fixei no tema da cultura e seus significados.

Em seguida comentei sobre a oralidade e de como o encontro em roda possibilita a troca de informações importantes sobre a cultura de um povo tradicional.

Apresentei a ideia de ANTROPOFAGIA, contei a história do Bispo Sardinha que data o Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade, durante o periodo da Arte Moderna Brasileira e os alunos participaram com suas opiniões e experiências pessoais.