Aplicação da Prova São Paulo

Hoje finalizamos a aplicação da prova São Paulo. Foi minha primeira experiência neste tipo de avaliação sobre a rede municipal de Ensino da Cidade e observei algumas peculiaridades que podem causar distorções no resultado final obtido.

GIPHY - Prova animada

FALTA DE CULTURA DE PROVA: Os alunos não se comportam adequadamente no momento da avaliação. É surreal. Hoje no grupo de Whatsapp uma professora pediu ajuda porque havia um aluno dependurado na porta da sala de aula, durante a prova. Conversas, assovios, alunos em pé são comuns durante a aplicação.

FALTA AUTONOMIA: Os alunos demoram muito para iniciar a prova, insistem que as questões sejam explicadas individualmente, do mesmo modo como nas aulas. Nas aulas também, a explicação geral não basta, não prestam atenção e solicitam atendimento individual.

FALTA DE ENGAJAMENTO NA PROVA: Uma grande quantidade de alunos sequer lê a prova. O percentual de alunos sem engajamento aumenta de acordo com a idade. Apliquei para 7ºs e 8ºs anos e o engajamento dos alunos mais velho foi muito menor. Na escola os outros professores relataram que o engajemento é ainda menor nos 9ºs anos. Não há uma correlação absoluta entre engajamento/defasagem, notei alunos proficientes sem engajamento e alunos com defasagem engajados, mas a balança pende para os alunos com defasagem demonstrarem menos interesse para a prova.

São Paulo, eleições 2024

Nesta eleição de 2024, para prefeito de São Paulo, se escancara o deboche.

Entre os candidatos, que colocam apelidos uns nos outros a fim de abastecer suas redes sociais, não há esforço mínimo em manter o decoro de se apresentar, durante os debates organizados pelos meios de comunicação, como se comportariam se assumissem o poder executivo na maior cidade do Brasil.

É curioso que os eleitores do candidato que melhor domina a arte da ofensa e da refutação ad hominem não se importa com o comportamento mal educado que ele apresenta quando confrontado com seus pares, com sua falta de experiência em gestão e por estar filiado a um partido fadado a se extinguir, pela lógica da cláusula de barreira a partidos que não conseguem eleger uma representatividade mínima no congresso nacional.

Nada importa. Um candidato sem equipe, sem proposta e que apenas transmite um comportamento violento e de confronto destrutivo com outras pessoas, o contrário do que deve ser um prefeito que, espera-se, consiga agregar em torno de seus projetos de governo. Sobre o antigo presidente, durante sua eleição, eu dizia que não era possível um meme permanecer engraçado por quatro anos. E, de fato, perdeu a graça. O que será que faz com que massas de eleitores escolham, por livre e espontânea vontade, um candidato evidentemente desqualificado para o cargo?

Quem sabe a psicologia, a filosofia ou a sociologia seriam capazes de uma reflexão minimamente coerente. Talvez a psicologia explique o fascínio das multidões pelos psicopatas e perversos, a filosofia traga à tona o debate sobre a Natureza Humana, também o embate entre Sócrates e os Sofistas. A sociologia sobre o processo de individuação do sujeito contemporâneo que o isola e, com isto, fragmenta a sociedade. Só sei que eu não sei explicar isto ai.

Só sei que nada sei.

Em tempos de polarização política tão intensa mundo afora, o que realmente parece que ocorre é que há uma massa muito grande de pessoas que não estão nem aí para o debate público, apesar de defenderem tão arduamente esta ou aquela ideia.